Cristianismo na Coreia
Joseon nos séculos XVIII à XIX
A Coreia da dinastia Joseon era marcada pelo confucionismo estatal, que regulava a vida social e política. O cristianismo entrou de forma incomum: não por missionários ocidentais diretamente, mas por leigos coreanos que tiveram contato com livros cristãos trazidos da China no final do século XVIII.
O primeiro grupo de cristãos formou-se em 1784, após Yi Seung-hun ser batizado em Pequim e regressar ao país. O que levou a severas perseguições estatais, pois a fé cristã desafiava tanto o culto ancestral quanto a autoridade confucionista.
Aspectos da cultura confucionista contrariados pelo cristianismo
Durante a dinastia Joseon (1392–1897), o confucionismo era mais que filosofia: era a base do Estado, da educação e da família. O cristianismo, quando chegou, colidiu em vários pontos centrais:
Culto aos ancestrais
No confucionismo a piedade filial (hyo) exigia rituais para honrar os antepassados. Rejeitar esses rituais era considerado traição familiar. No cristianismo a adoração pertence somente a Deus. O culto aos mortos é visto como idolatria.
“Eu sou o Senhor teu Deus... Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura...” (Êxodo 20:2–4)
“Deixe os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.” (Lucas 9:60)
Hierarquia social rígida
O confucionismo mantinha uma ordem absoluta — rei sobre súditos, pai sobre filhos, marido sobre esposa. O cristianismo afirma a igualdade de todos diante de Deus e a unidade em Cristo.
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:28)
“Deus não faz acepção de pessoas.” (Atos 10:34)
Centralidade do Estado
No Confucionismo o Estado tinha caráter quase sagrado, e a lealdade ao governante era suprema. No Cristianismo a obediência civil é válida, mas limitada. A fidelidade suprema pertence a Deus.
“Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” (Atos 5:29)
“A nossa pátria está nos céus.” (Filipenses 3:20)
Origem da moral
No Confucionismo o homem poderia alcançar a virtude pelo estudo dos clássicos e pelo esforço próprio. O Cristianismo ensina a depravação total; todos são pecadores, nobres ou servos, e necessitam de salvação.
“Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” (Romanos 3:23)
“Não há justo, nem um sequer.” (Romanos 3:10)
Salvação pela fé, não pelas obras
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Confucionismo: salvação moral dependia da conduta ética e da prática ritual.
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Cristianismo: a salvação vem somente pela graça de Deus em Cristo, recebida pela fé.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8–9)
Igualdade e dignidade de todos
- A fé cristã rompeu barreiras de classe e de gênero, afirmando que todos têm valor diante de Deus.
“Pois todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gálatas 3:26)
Perdão e misericórdia versus honra pessoal
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Confucionismo: grande ênfase na honra e na reputação social.
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Cristianismo: ensina o perdão, a misericórdia e a humildade como virtudes centrais.
“Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará.” (Mateus 6:14)
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” (Mateus 5:7)
Primeira entrada protestante (século XIX)
Em 1832, o missionário alemão Karl Gützlaff visitou brevemente a Coreia e distribuiu Escrituras traduzidas. Mas a obra só firmou raízes a partir da segunda metade do século XIX.
Um marco foi a tradução das Escrituras para o coreano, liderada por colportores e convertidos, como Seo Sang-ryun. A Bíblia em língua vernácula tornou-se fundamental para o crescimento do movimento evangélico.
Em 1884, o missionário médico Horace Allen chegou e iniciou obra médica e educacional. Logo após, missionários presbiterianos e metodistas começaram a plantar igrejas, escolas e hospitais.
A Bíblia e a alfabetização na Coreia
Tradução para o idioma do povo
A maior parte da literatura “nobre” em Joseon era escrita em hanja (caracteres chineses), acessível apenas à elite (yangban).
Quando missionários protestantes, junto com cristãos coreanos como Seo Sang-ryun, traduziram a Bíblia para o hangul (alfabeto fonético criado no século XV, mas pouco usado pela elite), isso revolucionou o acesso ao texto escrito.
A leitura bíblica legitimou e popularizou o hangul, pois permitia que o povo comum tivesse contato direto com as Escrituras.
Ênfase protestante na leitura pessoal
O cristianismo evangélico trouxe a ideia de que cada crente deve ler a Bíblia por si mesmo (2 Timóteo 3:16–17).
Isso criou uma demanda enorme por alfabetização entre camponeses, mulheres e classes baixas, que até então eram excluídas da educação formal.
Escolas missionárias
Missionários fundaram centenas de escolas, muitas voltadas à alfabetização básica com o objetivo de ensinar a Bíblia.
Um dos legados foi que mulheres, tradicionalmente excluídas do ensino confucionista, começaram a ser alfabetizadas em grande número.
Impacto nacional
A ligação entre fé cristã e leitura impulsionou uma cultura de estudo e disciplina que marcou o protestantismo coreano.
Essa valorização da educação acabou contribuindo também para a modernização da Coreia, ligando alfabetização, ciência e desenvolvimento social.
Avivamento e crescimento (início do século XX)
O início do século XX foi marcado pelo Grande Avivamento de Pyongyang (1907). Milhares de coreanos se converteram, igrejas se multiplicaram e houve forte ênfase em oração, arrependimento e compromisso com a Palavra de Deus. Esse avivamento é considerado o coração do movimento evangélico coreano.
O cristianismo também se ligou ao nacionalismo coreano, tornando-se força de resistência cultural e espiritual contra o domínio colonial japonês (1910–1945). Muitos líderes cristãos estiveram na linha de frente do movimento pela independência.
Divisão e perseguição (pós-1945)
Com a divisão da península em 1945, o cristianismo floresceu no Sul, mas foi praticamente exterminado no Norte, onde o regime comunista de Kim Il-sung impôs perseguição brutal.
Muitos cristãos fugiram de Pyongyang para Seul, levando consigo o fervor do avivamento e lançando as bases de igrejas fortes no Sul.
Explosão do evangelicalismo no Sul (décadas de 1960–1990)
A Coreia do Sul experimentou um crescimento explosivo das igrejas evangélicas, especialmente presbiterianas, metodistas e pentecostais.
Igrejas como a Yoido Full Gospel Church (fundada por David Yonggi Cho) se tornaram símbolos do crescimento mundial do cristianismo evangélico.
Em 1973 a cruzada evangelística de Billy Graham em Seul reuniu mais de 1 milhão de pessoas.
Nos anos 1980, a Coreia do Sul chegou a ser considerada o segundo maior país em número de missionários enviados, depois apenas dos EUA.
Jesus ama a Coreia
A fé em Jesus Cristo transformou a Coreia e ele quer transformar a sua vida também. Todos temos nossos pecados, arrependimentos e dores. Mas a boa notícia é que Jesus sofreu na cruz em nosso lugar.
Mas ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados. Todos nós nos desviamos como ovelhas; deixamos os caminhos de Deus para seguir os nossos caminhos. E, no entanto, o Senhor fez cair sobre ele os pecados de todos nós. Isaías 53:5-6
Agora a promessa que temos é que a morte não será mais nosso destino final.
“Porque Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.__”João 3:16
O que você precisa fazer é crer.
"Se você declarar com a boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo." Romanos 10:9